Este artigo foi uma metanálise que fiz sobre os mais recentes estudos (5 anos e 2 anos de publicação) sobre o impacto real ou imaginário do glúten sobre algumas doenças autoimunes, especialmente artrite reumatoide, que é a minha, mas cito outras também no artigo. Particularmente, eu testei a retirada de glúten completamente e, na verdade, eu senti desinchar e ao desinchar, meu corpo desinflamou. Contudo, as coisas não são tão cartesianas assim e já tive crise de artrite mesmo sem comer glúten. Então, de fato, acredito que cada pessoa reage de um jeito, mas que também, muito pode ser influência cultural e das mídias. Eu, decidi não tirar totalmente o glúten, mas reduzi cerca de 80% na minha vida. Leia abaixo tudo de mais recente sobre essas nossas dúvidas e repense sua dieta (artigos científicos, padrão ouro, de 2020 a 2025).
Definição de glúten e seu papel nas dietas modernas:
O glúten é um termo genérico usado para descrever um grupo de proteínas encontradas em certos grãos, principalmente trigo, centeio e cevada (Calado & Machado, 2022). Essas proteínas são responsáveis pela elasticidade da massa, permitindo que o pão cresça e tenha uma textura macia. Nas dietas modernas, o glúten está presente em uma ampla variedade de alimentos, incluindo pães, massas, cereais, produtos de panificação e muitos alimentos processados.
Visão geral sobre a crescente popularidade das dietas sem glúten:
Nos últimos anos, as dietas sem glúten (DSG) ganharam popularidade significativa, impulsionadas por alegações de benefícios para a saúde, perda de peso e bem-estar geral (Roszkowska et al., 2019). Celebridades e influenciadores de mídia social frequentemente promovem dietas sem glúten, contribuindo para a percepção de que o glúten é prejudicial para a saúde. Essa tendência levou a um aumento nas vendas de alimentos sem glúten e à proliferação de informações, muitas vezes não científicas, sobre os efeitos do glúten no organismo. Em 2016, cerca de US$ 15,5 bilhões foram gastos em vendas de alimentos sem glúten, mais que o dobro do valor de 2011 (Roszkowska et al., 2019).
O Que é Glúten?
- Estrutura e função das proteínas gliadina e glutenina:
O glúten é composto principalmente por duas classes de proteínas: gliadinas e gluteninas. As gliadinas são proteínas monoméricas solúveis em água, enquanto as gluteninas são proteínas multiméricas insolúveis em água (Calado & Machado, 2022). Juntas, essas proteínas conferem à massa suas propriedades viscoelásticas e adesivas, essenciais para a produção de pães e outros produtos de panificação.
Comparação com proteínas semelhantes em outros grãos:
Proteínas semelhantes ao glúten são encontradas em outros grãos, como secalinas no centeio, hordeínas na cevada e aveninas na aveia (Brouns & Shewry, 2022). Embora compartilhem algumas semelhanças estruturais e funcionais com o glúten, essas proteínas podem ter diferentes graus de imunogenicidade e, portanto, afetar indivíduos com sensibilidade ao glúten de maneiras distintas.
Por Que o Glúten É Controverso?
Hipersensibilidade ao glúten: mito ou realidade?
A hipersensibilidade ao glúten é uma área de debate e pesquisa contínua. Enquanto a doença celíaca é uma condição autoimune bem definida, a sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC) é mais controversa (Roszkowska et al., 2019). Alguns estudos sugerem que a SGNC é uma condição real, com sintomas gastrointestinais e extraintestinais desencadeados pela ingestão de glúten em indivíduos sem DC ou alergia ao trigo. No entanto, outros estudos questionam se o glúten é o único culpado, apontando para outros componentes do trigo, como FODMAPs (oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis), como possíveis desencadeadores de sintomas (Cenni et al., 2023).
Impacto da desinformação sobre saúde pública:
A crescente popularidade das dietas sem glúten e a disseminação de informações não científicas sobre os efeitos do glúten na saúde têm gerado confusão e desinformação entre o público em geral (Manza et al., 2024). Muitas pessoas adotam dietas sem glúten sem orientação médica adequada, baseando-se em alegações infundadas de benefícios para a saúde. Essa desinformação pode levar a escolhas alimentares inadequadas, deficiências nutricionais e custos desnecessários.
Glúten e Doenças Autoimunes: Uma Correlação?
Investigação da ligação entre glúten e doenças autoimunes como esclerose múltipla, psoríase, diabetes tipo 1 e doenças autoimunes da tireoide:
A ligação entre o glúten e diversas doenças autoimunes tem sido investigada em vários estudos. No entanto, as evidências que sustentam uma relação causal direta são, em sua maioria, limitadas e inconclusivas (Passali et al., 2020).
- Esclerose Múltipla (EM): Faltam ensaios de intervenção adequadamente controlados e com poder adequado investigando os efeitos de uma dieta sem glúten (DSG) em pacientes não celíacos com EM. Apenas um ensaio clínico estudou os efeitos de uma DSG entre pacientes com EM, encontrando resultados significativos, mas com limitações metodológicas (Passali et al., 2020).
- Psoríase: Alguns estudos encontraram efeitos benéficos de uma DSG em um subgrupo de pacientes com psoríase que eram soropositivos para anticorpos antigliadina ou gliadina desamidada, mas nenhum efeito foi observado entre pacientes soronegativos (Passali et al., 2020).
- Diabetes Tipo 1 (DT1): Estudos sobre o papel do glúten no DT1 são contraditórios, mas sugere-se que uma DGF pode contribuir para normalizar o controle metabólico sem afetar os níveis de autoanticorpos das ilhotas (Passali et al., 2020).
- Doenças Autoimunes da Tireoide (DATs): Os efeitos de uma DGF em pacientes não celíacos com DTAs ainda não foram estudados, mas alguns estudos relatam que os anticorpos relacionados à tireoide respondem a uma DGF em pacientes com DC e DTAs concomitantes (Passali et al., 2020).
Doença Celíaca: Um Caso a Parte
Explicação da doença celíaca e de sua fisiopatologia:
A doença celíaca (DC) é uma doença autoimune desencadeada pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamente suscetíveis (Calado & Machado, 2022). A DC é caracterizada por uma resposta imune anormal ao glúten, que causa inflamação e danos no revestimento do intestino delgado. Essa inflamação pode levar a uma variedade de sintomas gastrointestinais, como diarreia, dor abdominal, inchaço e má absorção de nutrientes. Além disso, a DC pode causar uma ampla gama de manifestações extraintestinais, incluindo anemia, fadiga, osteoporose, erupções cutâneas e problemas neurológicos.
A fisiopatologia da DC envolve uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais e imunológicos (Calado & Machado, 2022). Indivíduos com predisposição genética para DC, principalmente aqueles com certos genes HLA-DQ2 ou HLA-DQ8, desenvolvem uma resposta imune anormal ao glúten. Quando o glúten é ingerido, ele é processado no intestino delgado, onde é quebrado em peptídeos menores. Em indivíduos com DC, esses peptídeos desencadeiam uma resposta imune inata e adaptativa. As células do sistema imunológico, como as células T e as células B, são ativadas e liberam substâncias inflamatórias que danificam as vilosidades do intestino delgado. As vilosidades são pequenas projeções semelhantes a dedos que revestem o intestino delgado e são responsáveis por aumentar a área de superfície para a absorção de nutrientes. Quando as vilosidades são danificadas, a capacidade do intestino delgado de absorver nutrientes é prejudicada, levando a má absorção e deficiências nutricionais.
Importância de uma dieta sem glúten rigorosa:
Para indivíduos com DC, seguir uma dieta sem glúten rigorosa é essencial para controlar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida (Calado & Machado, 2022). A DSG envolve a eliminação completa de todos os alimentos e produtos que contenham glúten, incluindo trigo, centeio e cevada. Isso requer uma leitura cuidadosa dos rótulos dos alimentos para identificar ingredientes ocultos de glúten e evitar a contaminação cruzada durante o preparo dos alimentos.
Evidências Científicas: O Que Sabemos Até Agora?
Resumo dos achados sobre dietas sem glúten em pacientes não celíacos com doenças autoimunes:
As evidências científicas sobre a eficácia das dietas sem glúten (DSG) em pacientes não celíacos com doenças autoimunes são limitadas e inconclusivas (Passali et al., 2020). Alguns estudos sugerem que a DSG pode melhorar os sintomas em certos subgrupos de pacientes, como aqueles com psoríase soropositivos para anticorpos antigliadina. No entanto, outros estudos não encontraram benefícios significativos da DSG em pacientes com EM, DT1 ou DATs (Passali et al., 2020).
Limitações dos estudos atuais e caminho para futuras pesquisas:
Os estudos atuais sobre dietas sem glúten e doenças autoimunes apresentam várias limitações metodológicas, incluindo amostras pequenas, falta de grupos de controle adequados, critérios de diagnóstico inconsistentes e falta de padronização das dietas sem glúten. Para esclarecer o papel do glúten em doenças autoimunes, são necessários ensaios clínicos randomizados, bem controlados e com amostras maiores. Esses estudos devem investigar os efeitos da DSG em diferentes subgrupos de pacientes, utilizando critérios de diagnóstico claros e dietas sem glúten padronizadas. Além disso, futuras pesquisas devem explorar os mecanismos pelos quais o glúten pode influenciar o sistema imunológico e contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes.
O Impacto Econômico de uma Dieta Sem Glúten
Avaliação dos custos adicionais para seguir uma dieta sem glúten:
Seguir uma dieta sem glúten pode ser significativamente mais caro do que seguir uma dieta convencional (Afonso et al., 2016). Os produtos sem glúten geralmente têm preços mais elevados do que seus equivalentes com glúten, devido aos custos mais altos de produção, ingredientes especializados e menor escala de produção. Isso pode representar um fardo financeiro significativo para indivíduos e famílias que precisam seguir uma DSG.
Comparação entre preços de produtos com e sem glúten em Portugal:
Um estudo realizado em Portugal comparou os preços de produtos alimentares com e sem glúten e descobriu que os produtos sem glúten eram significativamente mais caros em todas as categorias analisadas (Afonso et al., 2016). As maiores diferenças de preço foram observadas nas categorias de massas, pão e bolachas. O custo de um cabaz alimentar essencial sem glúten representou um aumento de 26% em relação ao equivalente com glúten. O custo acrescido para uma família seguir a Dieta Isenta de Glúten para um mês é de 110 €, e semanal por indivíduo de 8,6 €.
Considerações Práticas sobre Dietas Sem Glúten
Dicas para implementação de uma alimentação sem glúten:
Implementar uma alimentação sem glúten requer planejamento cuidadoso e atenção aos detalhes. Algumas dicas práticas incluem:
* Ler atentamente os rótulos dos alimentos: Verificar os rótulos dos alimentos para identificar ingredientes que contenham glúten, como trigo, centeio, cevada, malte e amido modificado. |
- Evitar a contaminação cruzada: Utilizar utensílios de cozinha, tábuas de corte e superfícies separadas para preparar alimentos sem glúten, a fim de evitar a contaminação cruzada com alimentos que contenham glúten.
- Escolher alternativas sem glúten: Optar por alternativas sem glúten, como pães, massas e cereais feitos com farinhas de arroz, milho, batata, tapioca ou quinoa.
- Priorizar alimentos naturais sem glúten: Concentrar-se em alimentos naturalmente sem glúten, como frutas, vegetais, carnes, peixes, ovos, laticínios, leguminosas, nozes e sementes.
- Importância do acompanhamento nutricional profissional:
O acompanhamento nutricional profissional é fundamental para indivíduos que seguem uma dieta sem glúten, especialmente aqueles com DC ou outras condições de saúde (Manza et al., 2024). Um nutricionista pode fornecer orientação personalizada sobre como equilibrar a dieta, evitar deficiências nutricionais, ler os rótulos dos alimentos e preparar refeições sem glúten seguras e saborosas. Além disso, um nutricionista pode ajudar a monitorar a resposta do organismo à dieta sem glúten e fazer os ajustes necessários para otimizar a saúde e o bem-estar.
Crenças e Atitudes sobre o Glúten
Análise de percepções errôneas e atitudes de pacientes com reumatismo inflamatório crônico:
Um estudo recente de Bensaghir et al. (2024) investigou o conhecimento, as atitudes e as práticas de pacientes com reumatismo inflamatório crônico (CIR) em relação à dieta. O estudo revelou lacunas significativas no conhecimento nutricional dos pacientes, com percepções variadas e frequentemente incorretas sobre o impacto dos alimentos nos sintomas reumáticos. Por exemplo, muitos pacientes acreditavam que o leite de vaca, a farinha branca e a carne vermelha agravavam os sintomas, enquanto o gengibre, o açafrão e o peixe eram considerados benéficos.
O papel das crenças culturais e desinformação na escolha alimentar:
As crenças culturais e a desinformação desempenham um papel importante nas escolhas alimentares dos indivíduos, incluindo aqueles com CIR (Renard et al., 2025). As crenças culturais sobre alimentos “bons” e “maus” podem influenciar as percepções sobre o impacto dos alimentos nos sintomas reumáticos. Além disso, a desinformação disseminada por meio da mídia social, sites não confiáveis e informações não verificadas pode levar a atitudes e práticas alimentares inadequadas.
Conclusão
Síntese dos pontos discutidos:
Esta revisão explorou o papel do glúten em diversas condições de saúde, com foco especial nas doenças autoimunes, menopausa e doenças reumáticas. Embora a DC seja uma condição autoimune bem estabelecida relacionada ao glúten, as evidências que ligam o glúten a outras doenças autoimunes são limitadas. A SGNC é uma condição real, mas seu diagnóstico deve ser baseado em critérios clínicos rigorosos. Para mulheres na menopausa, uma DSG mal planejada pode levar a deficiências nutricionais importantes. Crenças culturais e a desinformação podem influenciar escolhas alimentares.
Importância de decisões informadas e consulta a profissionais de saúde antes de mudanças na dieta:
Diante das controvérsias e informações conflitantes sobre o glúten, é fundamental que os indivíduos tomem decisões informadas sobre suas dietas, com base em evidências científicas sólidas e orientação de profissionais de saúde qualificados. Antes de fazer mudanças significativas na dieta, como seguir uma DSG, é importante consultar um médico ou nutricionista para avaliar as necessidades individuais, identificar possíveis deficiências nutricionais e garantir que a dieta seja equilibrada e adequada às necessidades de saúde (Manza et al., 2024).
Referências
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